Notícias

21/11/2014

Na Dinamarca, pista de skate também tem função de reservatório de água contra enchentes

A experiência como skatista ensinou pelos menos duas lições ao arquiteto Søren Nordal Enevoldsen, do escritório dinamarquês SNE Architects. A primeira é que espaços urbanos subutilizados, como valas e canais de concreto, atraem os skatistas por oferecer uma grande variação de declives, curvas e saliências para as manobras. A segunda foi a percepção de que os skatistas, em dias de chuva, deixam o skate de lado para se dedicar a outras atividades de lazer.

Assim nasceu a proposta do arquiteto feita à prefeitura de Roskilde, na Dinamarca: criar pistas de skate alagáveis em épocas de chuva. A cidade enfrenta enchentes por conta de chuvas fortes e um projeto de drenagem já estava sendo desenvolvido para uma antiga área industrial da cidade pelo escritório de arquitetura GHB Landskab e o Cowi, de engenharia, para separar a água da chuva da tubulação de esgoto.

Durante uma consulta popular, Søren e um skatista da cidade levaram a proposta que culminou na criação do Rabalder Parken, um parque multiuso com canais de drenagem integrados e reservatórios para acúmulo da água da chuva, que também funcionam como pistas de skate e ambiente de recreação.

O sistema de drenagem é composto por três reservatórios. A inclinação dos canais direciona a água das chuvas primeiramente ao reservatório localizado mais ao sul do parque, um lago artifical permanente. Após atingir a capacidade máxima, o excesso de água é levado a um segundo reservatório, uma barragem de terra a leste do primeiro. No caso de um fluxo ainda maior, o volume excedente é então enviado ao terceiro depósito: uma espécie de piscina de formas arredondadas, própria para a prática do skate.

A área total do parque é de 40 mil m². Desse espaço, 4,6 mil m² compõem os reservatórios e os elementos projetados pelo SNE - as pistas de concreto e os canais de asfalto, também adaptados para as manobras de skate, pistas de jogging, equipamentos de ginástica e alongamento, trampolins, balanços, churrasqueiras, redes e um grande escorredador, além de rampas para acesso de deficientes. "O parque basicamente celebra o fluxo livre e o movimento, o que se relaciona com a fluência da água", explica Søren.

Os volumes do reservatório/pista de skate e dos canais já estavam estabelecidos pela equipe de engenharia, o que se tornou um desafio para o desenho final do arquiteto. Para a execução das superfícies de concreto, foi feita uma consultoria com profissionais que também andam de skate, das empresas Hoffmann e Grindline, para evitar erros que comprometessem a planicidade e resistência a impactos necessários. A parte superior das pistas recebeu 18 cm de concreto armado, enquanto as paredes receberam a mesma espessura de concreto projetado.

Por enquanto, o parque ainda está um pouco isolado, porque não foram construídas as edificações que fazem parte do planejamento - residências, prédios comerciais, e equipamentos educacionais e culturais. Mas o projeto já pode ser considerado um marco: foi vencedor dos prêmios City Planning Award 2012 e Sustainable Concrete 2013 Award, da Dinamarca, e é finalista do Index Award 2013 cujo resultado sai na última semana de agosto, após o fechamento desta edição.

Veja mais imagens do projeto no link abaixo.

goo.gl/jdLyN5

Fonte: au.pini