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05/11/2014

Sede da Unilever no Paraguai possui imagem corporativa, valores ambientais, qualidade espacial e inovação

A primeira visão que se tem do edifício, ao longe, é a do brise-soleil cerâmico que se ergue em perspectiva e protege a fachada sul da sede da Unilever, na pequena cidade de Villa Elisa, Paraguai, região metropolitana de Assunção. Um elemento de força, que trabalha a imagem corporativa da multinacional. Essa, aliás, era uma das exigências do concurso de anteprojeto vencido pela equipe do Gabinete de Arquitectura: um edifício que investisse na imagem corporativa, com valores ambientais, qualidade espacial e desenvolvimento com inovação. Era também necessário ser financeiramente atrativo e ter funcionalidade nos espaços propostos.

O local da obra herdava uma fábrica abandonada, com uma pequena edificação na porção leste e alguns pilares construídos. Uma das primeiras decisões foi utilizar a cobertura de aço da construção existente, de duas águas. Mas invertê-la e posicioná-la na parte oeste do terreno, passando a cobrir um novo espaço. A laje então exposta da antiga construção assumiu a função de um terraço-jardim.

Nas fachadas norte e sul, o brise é o protagonista. "As altas temperaturas no Paraguai fazem com que 47oC seja algo comum. Por isso, construir sombras é uma exigência", explica Solano Benítez. Para buscar eficiência do material e eficiência financeira de construção, desenvolveu-se um sistema de pré-fabricação de painéis cerâmicos, feitos com tijolos instalados "em pé" nas fôrmas, solução para gerar economia e máxima utilização do material. Primeiro, faz-se a estreita laje, que recebe os painéis, um a um. Há vergalhões apenas nas lajes. "Utilizamos o solo e a gravidade como aliados", conta. "Construímos como se constroem pontes, fazendo com que cada parte que se levante seja a que possibilite levantar a seguinte", explica.

A fachada norte, na parte posterior do terreno, foi a primeira a receber o brise. Por desconfiança dos engenheiros, ganharam reforços com cabos de aço. Mas estão lá apenas de enfeite: testes garantiram o equilíbrio do conjunto, submetido a provas de esforços. E a fachada sul, a principal, pôde receber o brise sem os cabos de aço. O desenho trabalha a perspectiva e brinca com o olho humano: dependendo de onde se está, não se percebe que a primeira laje, no alto, é paralela ao chão.

"Essa condição de olhar os materiais como uma matéria nos permite imaginar novas formas de trabalhar com peças que já temos à disposição, mas exigindo que os novos desenvolvimentos sejam capazes de responder a condicionantes antes não solicitadas pela tradição", diz Solano.

Na entrada do edifício, painéis de vidro dispostos em um quase ziguezague marcam a recepção, que traz cadeiras de chapas de aço também fabricadas pelo arquiteto. São feitas com apenas uma chapa com as extremidades cortadas na diagonal, e dobrada para que tenha seis lados. Na área do staff, o grande chamariz é o jardim de inverno, instalado de forma triangular a leste da planta, em uma abertura na antiga laje. Para seu fechamento, vidro. Sem nenhum caixilho ou outro suporte estrutural: os vidros se autossustentam. "Os vidros são erguidos como volumes, não como planos", explica Solano. São peças de 8 mm a 10 mm, instaladas na diagonal e com faces formando volumes em uma linha não contínua. A partir do meio, os volumes se invertem.

O tijolo cerâmico marca também os interiores. Seja nos vértices que delimitam o auditório, seja na cobertura cerâmica de alguns corredores ou como peças quebradas, com as pontas aparentes em uma das salas de reunião.

Na cobertura plana, tradicionais telhas cerâmicas cobrem o espaço para proteger a impermeabilização, evitam a superexposição da laje ao sol e delimitam o caminho em que não se pode pisar - enquanto deques de madeira guiam os visitantes aos espaços ocupáveis na área da laje da antiga edificação, hoje cumprindo também a função de terraço.

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goo.gl/YtrKrB

Fonte: au.pini